terça-feira, 2 de junho de 2015

Aviso ao possível - e esperado - silêncio.


da série Minhas Palavras

É que eu posso ser eu mesma em tantas faces e fases que não me suporto, e te pergunto: você suportaria? Você ficaria mesmo depois dos meus dramas cotidianos te mostrarem que o melhor a fazer é partir? Pode entender isso como um aviso se quiser, não tem como eu saber quando vai acontecer, mas sei que vai acontecer. Vou deixar transparecer um lado meu que não tenho orgulho e nem sempre será por sua culpa, então não tente concordar comigo, pois se eu acreditar não tem como parar. Se a culpa for mesmo sua, então faça o que tiver que fazer, e desconsidere o aviso.

Há muito tempo tenho consciência de que não possuo o controle sobre tudo e essa verdade inclui minhas próprias confusões e incertezas, a novidade é que recentemente minhas reações me fazem pensar que não mais me reconheço quando sobressai um eu antes sequestrado por uma razão sem certeza de ter razão. Não foge, é libertado. Eu tenho as chaves em minhas mãos e não sei o que fazer com tal poder.

É assim que tem sido. Não nas vinte e quatro horas do meu dia, mas há dias em que o barulho e o tempo são minha fuga. Não gosto de dias assim, e ao menos o não gostar me faz um pouco mais normal, acredito. Então se ainda estiver aqui quando o barulho passar – sim, sempre passa – eu saberei que é você. Se ainda permanecer, me confortarei ao sentir que é você o silencio que fica.


segunda-feira, 18 de maio de 2015

Eu, você, e o relato de um sonho


da série Minhas Palavras

♫ "E pelo visto, vou te inserir na minha paisagem
E você vai me ensinar as suas verdades
E se pensar, a gente já queria tudo isso desde o inicio"

(Dois, Tiê)

Como as cenas das músicas que não me canso de ouvir. Cores, melodia, flores, você. Sorri e eu eternizo o momento, como tantos outros, e me divirto com sua implicância por não gostar de ser fotografado. Olhamos o visor da máquina antiga e decido que essa ficará no porta-retrato da cabeceira, pois quero você com seu sorriso raro sempre ali, pertinho de mim ao acordar e ao adormecer. Mas seu sorriso raro me provoca, aparece e some sem que eu possa capturá-lo uma segunda vez. Insisto em também provocá-lo e enquanto você fala, desvia o olhar e disfarça, te admiro com a lente do meu sentimento que só a ti pertence. O que você dizia mesmo? Até você se perde nas palavras e muda o jogo. Penso que venço, porém sou vencia. Seu abraço me toma e estamos os dois na mira da lente e você deixa claro ser apenas para que a brincadeira acabe. Eu aceito, como - quase - tudo que você me pede. Distancia-se por um instante e me olha seriamente. Sinto-me afundar. Abaixo a cabeça sem pensar e você me beija no rosto. Levanto o olhar e te percebo mais leve, sorrindo como quem faz isso o tempo todo, e então me chama para um abraço diferente daquele último. Tudo o mais fica esquecido - fotografia, sons, paisagens - e me reencontro ao te encontrar sentindo seu coração, morando em nossas batidas.
sexta-feira, 15 de maio de 2015

Poema do amigo aprendiz - Fernando Pessoa



Quero ser o teu amigo

Nem demais e nem de menos
Nem tão longe,
nem tão perto.

Na medida mais precisa que eu puder

Mas amar-te, sem medida
E ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.

Sem tirar-te a liberdade

Sem jamais te sufocar
Sem forçar tua vontade
Sem falar quando for hora de calar,
E sem calar,
quando for hora de falar.

Nem ausente,

nem presente por demais
Simplesmente,
calmamente,
SER-TE PAZ...

É bonito ser amigo.

Mas confesso,
é tão difícil aprender!

É por isso que te suplico paciência

Vou encher este rosto de lembranças.

Dá-me tempo de acertar nossas distâncias!

terça-feira, 12 de maio de 2015

Alguém como eu


da série Minhas Palavras

Já fostes,
Num passado não tão distante
Inatingível ao meu querer.
Um ser admirável como quadro
Bem cuidado no museu
E proibido ao toque.
Agora,
Sua voz com confiança te faz mais perto,
Não sei se posso, mas tento.
E és real como sou
Quando estás onde estou.
Sentimentos e atos por tantos
Te faz ainda mais belo,
Assim, de perto.
E assim de perto me aproximo
E sinto: "És possível?"

terça-feira, 5 de maio de 2015

Tarde de sábado, gotas de chuva


Há mais de um ano sem escrever aqui, me bateu saudade. Em off as palavras continuam sendo rabiscadas numa folha de papel qualquer... 

da série Minhas Palavras

Cada gota de chuva que cai
Penetra cantos e recantos do meu ser
Percebem, suavizam, acalmam
Encontram meus hiatos escondidos
E ao me reapresentá-los
Os convertem em pinceladas restauradas de um velho quadro
A tela antes recolhida do público
Entende que seu papel é um mistério
Matéria prima para sonhos e sorrisos
E algumas lágrimas entre um e outro
A mesma tela antes recolhida
Recolhe seu refúgio como abrigo necessário
Porém, finito.
Redescobrindo traços,
Pincelando outros, novos
Até que a paisagem em recomposição
Se mostra voluntariamente
E a exposição não é mais opção
E tudo bem, verdadeiramente bem.
Pois bem, se gotas de chuva
Não são particulares a essa única tarde de sábado
Me basta bendizer a cada chance de me redescobrir
Redesenhar,
Renascer!