domingo, 17 de fevereiro de 2013

Eduardo e Mônica - Renato Russo

Só continuando no clima ... s2 
(que só eu entendo :p )

Quem um dia irá dizer. Que existe razão. Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer. Que não existe razão?
Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar. Ficou deitado e viu que horas eram. Enquanto Mônica tomava um conhaque. No outro canto da cidade, como eles disseram. Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer. E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer. Um carinha do cursinho do Eduardo que disse. "Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir" Festa estranha, com gente esquisita. "Eu não tô legal", não agüento mais birita" E a Mônica riu, e quis saber um pouco mais. Sobre o boyzinho que tentava impressionar. E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa. "É quase duas, eu vou me ferrar" Eduardo e Mônica trocaram telefone. Depois telefonaram e decidiram se encontrar. O Eduardo sugeriu uma lanchonete. Mas a Mônica queria ver o filme do Godard. Se encontraram então no parque da cidade. A Mônica de moto e o Eduardo de "camelo" O Eduardo achou estranho, e melhor não comentar. Mas a menina tinha tinta no cabelo. Eduardo e Mônica eram nada parecidos. Ela era de Leão e ele tinha dezesseis. Ela fazia Medicina e falava alemão. E ele ainda nas aulinhas de inglês. Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus. Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud. E o Eduardo gostava de novela. E jogava futebol-de-botão com seu avô. Ela falava coisas sobre o Planalto Central. Também magia e meditação. E o Eduardo ainda tava no esquema. Escola, cinema, clube, televisão.

E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente. Uma vontade de se ver. E os dois se encontravam todo dia. E a vontade crescia, como tinha de ser. Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia. Teatro, artesanato, e foram viajar. A Mônica explicava pro Eduardo. Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar. Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer. E decidiu trabalhar (não!) E ela se formou no mesmo mês. Que ele passou no vestibular. E os dois comemoraram juntos. E também brigaram juntos, muitas vezes depois. E todo mundo diz que ele completa ela. E vice-versa, que nem feijão com arroz. Construíram uma casa há uns dois anos atrás. Mais ou menos quando os gêmeos vieram. Batalharam grana, seguraram legal. A barra mais pesada que tiveram. Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília. E a nossa amizade dá saudade no verão. Só que nessas férias, não vão viajar. Porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação.

E quem um dia irá dizer. Que existe razão. Nas coisas feitas pelo coração? E quem irá dizer. Que não existe razão?

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